À saída da reunião extraordinária dos responsáveis diplomáticos dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que estão a debater a situação na Guiné-Bissau, o ministro angolano Georges Chicoti, questionado sobre a responsabilidade pelo golpe de Estado, disse: "São os militares da Guiné-Bissau."."Há uma chefia militar devidamente conhecida. São os únicos responsáveis que sabemos. Até aqui também ninguém nos veio dizer que não é parte do golpe", realçou Chicoti, após a suspensão dos trabalhos da CPLP, que decorrem hoje na sede da organização, em Lisboa, e que serão retomados às 17.00..Questionado concretamente sobre o papel de António Indjai, o ministro angolano respondeu: "É o chefe do estado-maior das Forças Armadas guineenses. Ele não disse que não é parte desse golpe e, então, nós consideramos que todos os militares guineenses estão envolvidos, até que saibamos quem são aqueles que não são parte desse golpe.".Em comunicado emitido na sexta-feira à noite, o autointitulado Comando Militar, que reclamou responsabilidade pelo golpe de Estado, informou que o chefe das forças armadas guineenses, António Indjai, está detido..Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau. Desconhece-se o paradeiro do chefe de governo e também do presidente interino, Raimundo Pereira..A autoria do golpe foi reclamada na sexta-feira por um autodenominado Comando Militar (cuja composição se desconhece), que o justificou como um ato de defesa das Forças Armadas face a uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos governantes guineenses..Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, mereceram já a condenação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal.